quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Surto

Mentiras sinceras e memórias perdidas
um caos de paixões, um cais de revoltas,
verdades absolutas extintas
gotas doces no mar Morto.

Sentimentos asilados em miragens
nas sacanagens dos desenganos caídos,
ferimentos hemofílicos no âmago
entre chãos de navalhas e rios de etanol.

Um ou outro surto de loucura sã
índoles douradas reveladas bijouterias,
e em passos falsos ou rasteiras
confesso-me caído no divã.

Ouço os brados cínicos no topo da cadeia
e o ranger de dentes choroso no calabouço.
espetáculos de gladiadores nas celas
o gozo às chacinas é o que ouço.


Mentiras sinceras e memórias perdidas,
no bungee jump da vida privada
o arrebentar das cordas é a descarga
e às fezes essa vida desregrada.

Um comentário:

  1. Olá, João Rafael!!!
    Concordo com o pensamento de que o artista da palavra consegue captar cenas que muitas vezes passam despercebidas aos demais transeuntes do cotidiano. As imagens produzidas por você são fortes, representam "surto" na mesma medida de luta, voo singrando liberdade, afirmação...
    Até mais, Poeta!!!

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