segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DESCALÇO


Nos jornais, há palavras confusas.
São novelas, famílias em drama.
Nos discursos, desculpas escusas,
homens públicos, pérfidas tramas

Acidez vem nas gotas da chuva,
manchas de óleo no meio do mar,
mãe solteira que fica viúva.
E nos céus? Tempestade solar...

Nas janelas, há vidros blindados;
no meu bairro, vizinhos hostis,
cães de guardas, arames farpados.
Já perdi os amigos que fiz.

Sinto dores, respiro fumaça.
Sangra meu coração, cambaleio.
Sinto odores, tristeza, desgraça;
Num espelho, a face do feio.

Não sou louco! Alguém me vigia,
me persegue, me filma, me espreita.
Sou normal, minha mente vazia,
e mantenho a rotina insuspeita.

Já me sinto sem pele nem osso.
Faço um palco do meu cadafalso,
pois me deram um nó no pescoço.
Dou espasmos e morro descalço.

6 comentários:

  1. Um poema firme, que revela uma realidade cruel e intransponível...sem esperanças...
    sofrível....de amargas lembranças...
    mas é cabível de nossas cobranças...
    fazer exigível um mundo mais alegre...como uma dança.

    abraço irmão.

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  4. Fala Mr. João. Há qto tempo não nos encontramos nesses espaços virtuais pessoais.

    Então, meu blog ficou meio parado por um tempo. No começo de 2011 resolví dar uma nova cara a publicar alguns textos - talvez menos subjetivos, mais pontuais em algumas questões contemporâneas... hehe... Pelo que lí neste seu post, me parece que vc anda abordando algumas questões do tipo, sempre com seu toque poético.

    É isso aí. Grande abraço cara!

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  5. Mãe solteira que fica viúva.. gostei da frase!

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