quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Surto

Mentiras sinceras e memórias perdidas
um caos de paixões, um cais de revoltas,
verdades absolutas extintas
gotas doces no mar Morto.

Sentimentos asilados em miragens
nas sacanagens dos desenganos caídos,
ferimentos hemofílicos no âmago
entre chãos de navalhas e rios de etanol.

Um ou outro surto de loucura sã
índoles douradas reveladas bijouterias,
e em passos falsos ou rasteiras
confesso-me caído no divã.

Ouço os brados cínicos no topo da cadeia
e o ranger de dentes choroso no calabouço.
espetáculos de gladiadores nas celas
o gozo às chacinas é o que ouço.


Mentiras sinceras e memórias perdidas,
no bungee jump da vida privada
o arrebentar das cordas é a descarga
e às fezes essa vida desregrada.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CONVITE

Convido-te agora ao meu ócio
embriagando-nos no saudoso absinto
por não saber nem mais o que sinto
viajaremos então nos tragos do ópio.

Convido-te louco
ao mundo da lua
a viver solenimente a hipocrisia
a fugir do marasmo dessa terra crua
e num dia de branco, respirar maresia.

Convido-te em risos para festas alheias
desnudos de toda vergonha assombrosa,
tiremos agora da moral as correias

e assim libertemos a viagem fogosa.

Vamos também zombar dos palhaços
deferir nossos versos em prol dos pecados
venha comigo escarrar no palácios
e delituosamente deixá-los irados.

Convido-te à morte de tudo que é são
e levar-te-ei num tango ao funeral,
se me recusares haverá um duelo então
e de só restará...carcaça animal.